Certo dia, próximo ao Natal. O tio Nerso, antigo morador da zona rural da Água do Biguá, embarcou vários cabritinhos que faziam parte do seu criatório, num caminhão Ford velho que possuía e tomou rumo em direção a cidade de Sertanópolis, a fim de vendê-los para um velho amigo comerciante de animais.
No caminho, pela estrada esburacada, aos solavancos da carroceria do caminhão, os cabritinhos aparentavam estar muito felizes... Bééé´, bééé bééé!... Como se festejassem pelo passeio em curso. Mal sabiam que estavam com as horas de vida contadas, pulavam de um lado para o outro, bééé, bééé, bééé!... Faziam uma festa danada na carroceria do caminhão.
Ao chegar ao lado de Rio Biguá, com as chuvas torrenciais que haviam caído durante toda a noite passada, encontrava-se o rio com suas águas barrentas em plena cheia, quase saindo do leito... Não havia uma segunda alternativa, a não ser passar pela velha ponte.
O tio Nerso, teimoso como era foi em frente, pisando fundo no acelerador, com as rodas do caminhão acorrentadas, espalhando lama para tudo quanto era lado... Não deu outra, a ponte velha não suportou o peso do caminhão, caiu. O veículo tombou ficando entalado de ponta cabeça no estreito barranco, atirando os pobres cabritinhos por água abaixo, sendo arrastados pela correnteza do rio. Todos morreram afogados. O tio Nerso conseguiu se salvar.
Comentam as pessoas que passam pelo local, em altas horas da noite ouvirem os desesperados berros dos cabritinhos, na agonia da morte, como que a pedir socorro, bééé, bééé, bééé!... São histórias que o povo contam e afirma serem elas verdadeiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário