Rumo a Represa Capivara, ainda existe nos dias atuais uma estrada de acesso as propriedades as margens do riacho Taboca. Era naquela época uma estrada estreita que ainda passa ao lado do Campo de Aviação. Nas proximidades existiam várias olarias. A travessia do Rio Tibagi era feita numa precária balsa. Logo após o Campo de Aviação, antes de chegar às olarias havia um pé de mexeriqueira... Fora ali plantada ao lado de um toco de árvore pelo já falecido morador do sítio. Cresceu. Tornou-se uma árvore de porte médio, frondosa. Eram famosos os seus frutos. Os transeuntes não resistiam à tentação, enchiam os bolsos e iam pela estrada afora saboreando os suculentos gomos adocicados... Com tamanha freguesia, ainda sobrava frutos para os pássaros... Com o passar do tempo o local que era até então parada obrigatória para os caminhantes, ganhou fama de mal-assombrado... É que ali, ao lado da mexeriqueira foi sepultado um morador também do sítio que havia falecido de uma doença ruim, como diziam na época... Tão estranha era a doença que os vizinhos nem velaram o corpo, logo após os seus últimos suspiro, afoitos escolheram as sombras da mexeriqueira para fazerem o sepultamento... Cavaram uma cova profunda e enterraram o corpo o mais rápido possível com medo de serem contagiados. Como se não bastasse, logo em seguida, um outro morador da redondeza, bem nas proximidades da mexeriqueira, enquanto conduzia uma carroça carregada de mercadorias, às turras com os animais que se negavam a puxar a carga pesada, aos gritos e chicotadas nos muares de pelos arrepiados, com o suor correndo-lhes em bica, descendo-lhes pelas patas, molhando a poeira da estrada... Os animais empacados não cediam à teimosia do carroceiro. Por ironia do destino, num relance do acaso, foi nocauteado por um coice certeiro de uma besta. Seu corpo estrebuchou no chão, em poucos segundos dava os últimos suspiros, sem que ninguém lhe prestasse socorro... Não faltou quem atribuísse a esse episódio como a maldição da mexeriqueira. Ficou o local marcado por duas cruzes, uma bem próxima da outra, enquanto a mexeriqueira alheia aos trágicos acontecimentos, continuava frondosa, mais verde ainda, e a cada outono ficava carregada de frutos saborosos... Pelo receio dos moradores ao redor e dos transeuntes ninguém se atrevia apanhar seus frutos, os pássaros não davam conta de tanta fartura. O chão ficava forrado de frutos apodrecidos que exalavam um cheiro acre que se sentia ao longe. Não tardaram a circular na redondeza boatos sinistros de visagens assustadoras e misteriosas... O local que antes era parada obrigatória na época das mexericas maduras, agora se torna respeitado, tenebroso, até mesmo durante o dia, quanto mais à noite. Certa ocasião, numa tarde, de um dia qualquer, com certeza de outono, um senhor morador nas proximidades, desafiou o dito popular que afirmava que o defunto enterrado as sombras da mexeriqueira atacava as pessoas que tentasse colher os frutos... O homem incrédulo tomou alguns goles de cachaça e na companhia de alguns moleques ingênuos foram até a árvore frutífera misteriosa... Nada de mal aconteceu aos moleques enquanto saboreavam os primeiros frutos descascados... A não ser que, repentinamente... O homem pôs-se a rolar no chão, gemendo, estrebuchando, como se estivesse a morte, cometido de um mal súbito... Os moleques, não acostumados com esse tipo visão começaram a correr e a gritar por socorro... Foi então o homem socorrido... Passado algumas horas, voltou ao seu estado natural e narrou o fato acontecido. Para o espanto de todos, afirmou que havia sido atacado pelo espírito do morto que saiu da cova e se agarrou em seu pescoço tentando enforcá-lo, assim que levou o primeiro gomo de mexerica em sua boca. Essa história afirma-se ser verídica. Outros fatos tenebrosos continuaram a marcar aquelas paragens, até que o pé da mexeriqueira, na soma dos janeiros deixou de existir... Desapareceram também as duas cruzes de madeira plantadas à beira da estrada... Ficaram somente dezenas de histórias que cada um conta a sua maneira.
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quarta-feira, 25 de julho de 2018
OS FANTASMAS DA MEXERIQUEIRA
Rumo a Represa Capivara, ainda existe nos dias atuais uma estrada de acesso as propriedades as margens do riacho Taboca. Era naquela época uma estrada estreita que ainda passa ao lado do Campo de Aviação. Nas proximidades existiam várias olarias. A travessia do Rio Tibagi era feita numa precária balsa. Logo após o Campo de Aviação, antes de chegar às olarias havia um pé de mexeriqueira... Fora ali plantada ao lado de um toco de árvore pelo já falecido morador do sítio. Cresceu. Tornou-se uma árvore de porte médio, frondosa. Eram famosos os seus frutos. Os transeuntes não resistiam à tentação, enchiam os bolsos e iam pela estrada afora saboreando os suculentos gomos adocicados... Com tamanha freguesia, ainda sobrava frutos para os pássaros... Com o passar do tempo o local que era até então parada obrigatória para os caminhantes, ganhou fama de mal-assombrado... É que ali, ao lado da mexeriqueira foi sepultado um morador também do sítio que havia falecido de uma doença ruim, como diziam na época... Tão estranha era a doença que os vizinhos nem velaram o corpo, logo após os seus últimos suspiro, afoitos escolheram as sombras da mexeriqueira para fazerem o sepultamento... Cavaram uma cova profunda e enterraram o corpo o mais rápido possível com medo de serem contagiados. Como se não bastasse, logo em seguida, um outro morador da redondeza, bem nas proximidades da mexeriqueira, enquanto conduzia uma carroça carregada de mercadorias, às turras com os animais que se negavam a puxar a carga pesada, aos gritos e chicotadas nos muares de pelos arrepiados, com o suor correndo-lhes em bica, descendo-lhes pelas patas, molhando a poeira da estrada... Os animais empacados não cediam à teimosia do carroceiro. Por ironia do destino, num relance do acaso, foi nocauteado por um coice certeiro de uma besta. Seu corpo estrebuchou no chão, em poucos segundos dava os últimos suspiros, sem que ninguém lhe prestasse socorro... Não faltou quem atribuísse a esse episódio como a maldição da mexeriqueira. Ficou o local marcado por duas cruzes, uma bem próxima da outra, enquanto a mexeriqueira alheia aos trágicos acontecimentos, continuava frondosa, mais verde ainda, e a cada outono ficava carregada de frutos saborosos... Pelo receio dos moradores ao redor e dos transeuntes ninguém se atrevia apanhar seus frutos, os pássaros não davam conta de tanta fartura. O chão ficava forrado de frutos apodrecidos que exalavam um cheiro acre que se sentia ao longe. Não tardaram a circular na redondeza boatos sinistros de visagens assustadoras e misteriosas... O local que antes era parada obrigatória na época das mexericas maduras, agora se torna respeitado, tenebroso, até mesmo durante o dia, quanto mais à noite. Certa ocasião, numa tarde, de um dia qualquer, com certeza de outono, um senhor morador nas proximidades, desafiou o dito popular que afirmava que o defunto enterrado as sombras da mexeriqueira atacava as pessoas que tentasse colher os frutos... O homem incrédulo tomou alguns goles de cachaça e na companhia de alguns moleques ingênuos foram até a árvore frutífera misteriosa... Nada de mal aconteceu aos moleques enquanto saboreavam os primeiros frutos descascados... A não ser que, repentinamente... O homem pôs-se a rolar no chão, gemendo, estrebuchando, como se estivesse a morte, cometido de um mal súbito... Os moleques, não acostumados com esse tipo visão começaram a correr e a gritar por socorro... Foi então o homem socorrido... Passado algumas horas, voltou ao seu estado natural e narrou o fato acontecido. Para o espanto de todos, afirmou que havia sido atacado pelo espírito do morto que saiu da cova e se agarrou em seu pescoço tentando enforcá-lo, assim que levou o primeiro gomo de mexerica em sua boca. Essa história afirma-se ser verídica. Outros fatos tenebrosos continuaram a marcar aquelas paragens, até que o pé da mexeriqueira, na soma dos janeiros deixou de existir... Desapareceram também as duas cruzes de madeira plantadas à beira da estrada... Ficaram somente dezenas de histórias que cada um conta a sua maneira.
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